Eu tive um sonho na noite
passada. Do tipo que parece real até o exato momento em que você acorda.
Algumas coisas nele estavam
estranhas... certas coisas estavam realmente estranhas, mas nunca me ocorreu
que aquilo poderia não estar acontecendo. Eu ainda não estou pronto pra dizer que
aquilo não aconteceu. Eu não sou espiritualizado e realmente não entendo dessas
coisas. Eu só sinto que estive em algum lugar e voltei, e sei que algo
realmente aconteceu quando eu acordei... e acho que enquanto eu dormia também.
Eu fui pra cama na noite
passada com uma sensação estranha. Todos nós nos lembramos das vezes em que nos
sentimos como se estivéssemos sendo vigiados, mas era mais do que isso. Eu senti
como se tivesse alguém lá comigo, mas mesmo assim não consegui deixar de cair
no sono.
Não me lembro exatamente do
começo do sonho. A primeira coisa que eu me lembro é de estar na minha casa e
caminhar. Eu estava simplesmente andando pela estrada. Todas as casas vizinhas
tinham desaparecido. Eu estava em uma estrada longa e vazia e não havia ninguém
por perto, exceto eu. Eu não me lembro do que estava fazendo em casa antes, mas
deveria ter ficado lá por um tempo antes de começar a caminhar. Eu só me recordo
de sentir um forte desejo de caminhar.
Eu me senti bem andando pela
estrada. Estava frio e escuro e eu me senti um pouco perdido, mas não estava
com medo – não como estava no meu quarto.
Não sei quanto tempo passei
na estrada. Pareceu um longo tempo. Tipo, dias, mas eu nunca me sentia cansado
e somente queria continuar andando.
A estrada mudou depois de um
tempo. Ela havia sido reta e sem detalhes o tempo todo, mas eventualmente eu
alcancei uma curva e depois uma bifurcação. Quando cheguei à bifurcação, não
estava mais sozinho. Uma voz familiar chamou por mim da beira da estrada.
"É bom ver você",
a voz sussurrou. "Só sinto muito por te ver aqui".
Eu me virei pra encarar a
voz, sabendo quem eu iria ver. Era um velho amigo de infância – alguém que eu
não via há anos. Ele estava só um pouco diferente de como eu me lembrava, não
muito. Ele estava mais velho do que da última vez que o vi, obviamente, mas de
alguma forma parecia ser pelo menos alguns anos mais novo do que eu – mesmo que
devêssemos ter a mesma idade. Ele também estava muito pálido. Inacreditavelmente
branco, na verdade, e tinha olheiras profundas ao redor dos olhos, tão azuis
quanto seus lábios estavam.
"O que está fazendo
aqui?", perguntei.
"Estou aqui pra te
avisar", ele respondeu.
Naturalmente, eu era todo
ouvidos.
"Há um homem na sua
casa exatamente agora", ele explicou.
"Como assim tem um
homem na minha casa? Eu estava lá agora há pouco... eu acho."
De fato, eu não sabia quanto
tempo estive lá. Não sabia há quanto tempo estava andando.
"Você não
entende", meu amigo gaguejou com evidente urgência na voz. "Ele está
realmente na sua casa bem agora."
Eu não fazia idéia do que
ele estava falando, mas eu estava curioso.
"Quem é ele?" eu
perguntei.
"Ele é o Homem Frio. Ele
vai até as pessoas à noite quando elas estão com medo."
O Homem frio? Nunca tinha
ouvido falar de alguém assim antes. Eu queria saber mais, então perguntei
"o que ele faz?"
"Ele espera até que
seja notado, então age. Sabe aquele arrepio que você sente na espinha quando
algo te assusta de verdade? Não
são só calafrios. É ele parado atrás de você."
"Pra que?" eu
indaguei. "O que ele faz quando você o percebe?"
Meu amigo desviou o olhar.
Ele não respondeu à pergunta.
"Só não o deixe
entrar", ele avisou.
"O que você quer dizer?"
"Ele pode ficar por
perto pra sempre", meu amigo explicou. "Ele vai andar pela sua casa à
noite e até ficar parado no seu quarto enquanto você dorme... como ele está no
seu agora. Ele consegue saber onde você está. Ele pode até estar olhando
diretamente pra você, mas não vai te achar a menos que você o deixe
entrar."
"Como ele te encontra? Quero
dizer, como você o deixa entrar?"
Meu amigo olhou para os dois
lados da estrada, como se estivesse preocupado que alguém pudesse ouvir. Ele se
inclinou pra bem perto de mim e sussurrou, "Se você o vir, o ouvir, ou se
de repente começar a sentir muito frio... não se mova. Não fale com ele. Não admita que ele está ali. Jamais o
deixe entrar."
"Eu não entendo",
eu disse. "Como eu me livro dele?"
"Você não pode", meu
amigo respondeu com uma voz baixa e hesitante. "Olha, estou sem tempo."
"Sem tempo?" eu
repeti, sem saber o que ele quis dizer exatamente.
Meu amigo sacudiu a cabeça. Seus
olhos estavam arreganhados e ele estava tremendo. À distância eu notei uma
figura negra o perseguindo, mas algo me impediu de falar.
"Meu tempo
acabou", ele balbuciou. "Não importa o que você faça, só não o deixe
entrar, e não importa o que faça... não responda a ele."
Algo puxou meu amigo para as
sombras e de repente eu não podia mais vê-lo. Entretanto, antes que eu pudesse
ir atrás dele, acordei assustado com um barulho alto. Eu estava sentado no meu
quarto, totalmente vestido e de tênis. Eu podia jurar que não estava vestido
quando fui pra cama. Meus tênis e pernas estavam cobertos de poeira, meus pés
estavam doloridos e eu podia ouvir um ruído soando bem próximo de mim. Na confusão
de acordar de um sonho tão vívido não o reconheci imediatamente. Estava com
tanto frio.
Então olhei pra baixo e vi
meu telefone. Era a fonte do ruído. Lembrando das palavras do meu amigo, não
atendi. Eventualmente, ele parou de tocar.
O quarto estava frio como
gelo. A sensação de que eu estava sendo vigiado estava mais forte do que quando
fui dormir. Eu podia ouvir algo se movendo dentro do meu armário, mas eu não me
atrevi a me mexer. Só fechei meus olhos e esperei. Depois de um tempo, ouvi
passos se afastando, ainda de dentro do armário. Era como se eles estivessem
andando por algum corredor escondido, apesar do meu armário ser pequeno e eu
não ver nada fora do normal nele.
Quando os passos se afastaram
o suficiente, o frio foi embora.
Ele não entrou dessa vez. Se
meus sonhos foram verdade – se a coisa no meu armário era quem eu penso que era
– eu não devo jamais deixá-lo entrar. Contudo, acho que ele ainda volta essa
noite. É quando ele deveria vir, segundo o que meu amigo me disse.
Eu não sei o que aconteceu
com meu amigo, mas espero que as pessoas se lembrem de seus avisos. Se você
começar a sentir frio enquanto lê isso, não se assuste. Se ouvir algum barulho
na sua casa, simplesmente ignore. Você não pode se dar ao luxo de deixá-lo te
encontrar.
Nunca deixe o Homem Frio
entrar.
Merda.
ResponderExcluirCalafrio, calafrio, calafrio, calafrio.
Minha mãe costumava dizer que esse arrepio é causado quando a Morte passa por você... Mas, segundo a história, ela vai embora depois. De repente esses arrepios parecem muito mais assustadores, porquê o homem frio permanece...
affz rsrssrssrsrsrsrsrsrs
ResponderExcluira historia da morte me assustava mais doq isso