terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Portador da Verdade




Em qualquer cidade, em qualquer país, vá a qualquer instituição mental ou casa de recuperação em que você puder entrar. Quando chegar à recepção, peça educadamente para visitar alguém que se auto intitula “O Portador da Verdade”. O funcionário irá assentir suavemente com a cabeça e então voltará para o que estava fazendo. Ele não responderá se você perguntar de novo. E não ouse perguntar uma terceira vez, pois se você o fizer ele revelará sua verdadeira forma e irá fazer carne fatiada de você ali mesmo.

Vire-se para sair. A porta terá desaparecido, mas haverá um alçapão no chão, que não existia ali antes. Abra-o. de preferência com algo comprido, que te dê uma chance melhor de fugir se eles estiverem te esperando do outro lado. Se estiverem, corra. Corra para o mais longe possível do asilo. Encontre uma janela e salte por ela, porque todas as portas estarão seladas ou desaparecidas. Assim que sair pela janela, fuja para o mais longe que puder, preferencialmente cruzando bastante água, pois isso, apesar de não pará-los, irá atrasá-los. E você irá precisar de cada segundo para fazer as pazes com seu deus.

Se eles não estiverem te esperando, desça pelo alçapão. Você estará em uma esplêndida livraria. Haverá pessoas com roupas elaboradas e muito bonitas por toda parte, conversando, lendo e relaxando. Não toque nenhuma delas, nem tente escolher um livro, pois esse é o gatilho, e você não quer ativá-lo.

Olhe ao redor – você terá todo o tempo que precisar. Uma hora ou outra você encontrará um homem de cabelos grisalhos sentado em uma mesa, carimbando uma pilha interminável de livros com um velho carimbo de “Devolvido”. Não tente tocá-lo ou aos livros, porque se você o fizer, todas as pessoas revelarão sua verdadeira forma, e se você enlouquecer no mesmo instante em que ver essa imagem, considere-se com sorte. Assim você não sentirá a dor enquanto eles despejam sua ira sobre você.

Ao invés disso, faça ao bibliotecário apenas a seguinte pergunta: “Em qual desses está a lei Dele?”

O bibliotecário irá olhar para cima. A cor de seus olhos é excêntrica e difícil de definir. Mantenha-se firme e encare-o diretamente. Não quebre contato visual, senão ele irá olhar para baixo, para não ver a cena enquanto os outros avançarem em cima de você. Ele te dirá um nome. É comprido, mas ele te entregará um cartão para que você se lembre. Antes você se virar para os livros, pergunte se ele já não pode marcar a retirada do livro no cartão. Ele assentirá e irá carimbar o cartão.

Nem se incomode em procurar o livro. Ele já foi roubado da biblioteca e você deve encontra-lo. Feche os olhos e diga três palavras: “Encontre o ladrão.”

Não abra seus olhos antes de dez segundos, pois se as aventuras anteriores não te levaram à loucura, o que você verá com certeza fará esse serviço.

Após dez segundos, abra os olhos. Você estará do outro lado da rua, em frente ao asilo, ainda segurando o cartão.

Aquele cartão é o 57º Objeto dos 538. Você retirou o livro. Agora é sua tarefa devolvê-lo.




Original: http://theholders.org/?Holder_of_the_Truth

5 comentários:

  1. Gosto do portadores.
    Gosto das questões não resolvidas que cada portador nos oferece, cada resposta para perguntas que ainda não fizemos. A princípio, esse mistério é o que mais chama a atenção, mas fico pensando... Depois de ler todos os 538 contos/capítulos/passos, alguma de nossas dúvidas será sanada? Há alguma explicação? Todos os objetos são tão confusos, o objetivo é tão subjetivo, para quê tudo isso serve, afinal? Conforme leio, o padrão dessas creepy's vai "perdendo a graça", e mais me confundo do que esclareço minhas questões... x.x

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  2. Oi, Jimmy! ^^
    Vim apenas lhe desejar um feliz natal (com um baita atraso, mas desconsidere) e um próspero ano novo, que as coisas deem certo com vc e o blog! õ/
    Continue com suas boas traduções!

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    1. Feliz Natal Marina! Feliz ano novo, espero ter mais tempo para traduzir, mas acho difícil com as rotinas futuras. Farei o possível, e muito obrigado pelo apoio.

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  3. psé... ja faz um tempo...

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